UX Case - App Pólis
Only in portuguese - Case of the UX Unicórnio program, focused on discovery, research, UX and UI with the aim of using UX to help voters choose candidates and track politicians after elections

O desafio
O desinteresse da população brasileira por política é um dos grandes problemas em nossa sociedade atual. Essa “desilusão” política tem diversas justificativas, que em sua maioria, estão relacionadas à corrupção. Então a ideia desse produto é utilizar UX Design para contribuir com a sociedade nesse aspecto.
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"Como ajudar eleitores a escolherem candidatos de forma consciente e acompanharem os projetos em andamento dos políticos eleitos?"
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O cenário atual
Cada vez mais o desinteresse pela politica no Brasil vem aumentando e se tornando ainda mais perceptível, principalmente dentre os jovens, onde a participação na eleição quando o voto é facultativo vem caindo nas ultimas eleições. Existem diversos fatores que podem justificar esse desinteresse, muitos relacionados a corrupção que foi exposta com operações da Lava a Jato.
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De acordo com uma pesquisa feita do Ibope na cidade de São Paulo antes do segundo turno das eleições de 2020, onde os eleitores foram questionados sobre os comportamentos que não admitem de jeito nenhum em um político, 79% consideram inadmissível o envolvimento de políticos com corrupção. A segunda característica mais citada pelos eleitores é não cumprir promessas de campanha, citada por 48% dos eleitores.
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Outra pesquisa feita aponta que 96% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos em exercício no país. Nessa mesma pesquisa, os eleitores pontuam também a falta de transparência e que os políticos não se preparam para desempenhar bem seu mandato.
A falta de consciência política de grande parte da população, contribui de forma direta para o cenário de maus políticos continuarem no poder. Mas toda revolução começa com pequenas ações, e não precisamos -me incluo - participar de assembleias, protestos, discursos ou outras atividades desconfortáveis para termos mais voz na sociedade.
A conscientização pode começar com o básico, buscando mais informações sobre o sistema político e participando de forma ativa no processo eleitoral para se tornar um cidadão mais consciente e engajado.
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Objetivo do projeto
Considerando o cenário atual descrito, defini os seguintes objetivos para o produto:
Criar uma plataforma para que os eleitores que:
- Facilite a busca por informações para escolha de um candidato
- Centralize dados contribuindo para o acompanhamento de projetos de políticos eleitos
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A estimativa para desenvolvimento do MVP considerando a complexidade do tema é de 6 meses, então o objetivo é ter a plataforma funcionando nas eleições do próximo ano (2022). Dentre as métricas de negócio, considero as principais como número de inscritos na plataforma, usuários ativos, número de visitas e interações. Os objetivos e prazos de cada métrica serão definidos e revisados à medida que o desenvolvimento do produto avance.
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Validando as suposições de negócio e de usuário
Para a validação, utilizei a Matriz CSD para identificar as certezas, suposições e dúvidas, a fim de ajudar na definição das perguntas da pesquisa quantitativa e garantir que estaria fazendo perguntas corretamente direcionadas para validação das hipóteses.

A pesquisa
A partir das dúvidas e suposições, consolidei quais as principais hipóteses que precisavam ser validadas, estabeleci um plano de pesquisa quantitativa, elaborando um questionário online e divulgando através da minha própria rede de contatos e posts nas mÃdias sociais.

Após a compilação dos dados de 64 respostas, foi possível validar as seguintes hipóteses:


Hipótese 1: Esta suposição foi validada como verdadeira já que a maioria respondeu que tem alguma dificuldade para encontrar informações sobre os candidatos.
Os tipos de dificuldade são validados com a próxima hipótese.

Hipótese 2: Esta suposição também foi validada como verdadeira, pois, dentre as pessoas que possuem dificuldade para encontrar informações, o principal ponto é que os dados estão soltos e dispersos.
Outro ponto mencionado (13%) foi que não têm todos os dados disponíveis.

Hipótese 3: Suposição também validada como verdadeira. 55% das pessoas não fazem pesquisas para acompanhar os projetos de candidatos eleitos, apenas veem informações de forma passiva. 30% não vê absolutamente nada.
A principal fonte de informação são sites do governo (40%) para quem pesquisa pró-ativamente.

Hipótese 4: Suposição também validada como verdadeira, já que grande parte das pessoas avaliaram os meios de campanha tradicionais como pouco confiáveis, dentre eles: carros com propagandas, visitas de candidatos, comícios e eventos públicos e cartões de visita e panfletos.
Quando olhamos separadamente para campanha em redes sociais, ela é a mais bem aceita com 77% das pessoas classificando como normal ou muito confiável.
Hipótese 5: Não foi possível validar a última hipótese, já que nenhum respondente foi candidato em alguma eleição.
Outros insights e aprendizados interessantes da pesquisa foram:

Pesquisa qualitativa
A partir dos resultados das pesquisas quantitativas, aprofundei os conhecimentos sobre os hábitos e as dores dos usuários, através de entrevistas realizadas com 4 pessoas, com objetivo de entender o contexto antes, durante e após as eleições. Para isso, criei um roteiro da entrevista, passando por todos os tópicos que gostaria de abordar.
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Os maiores aprendizados foram:
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Redes sociais (Instagram e Facebook) são a principal ferramenta para buscar informações de candidatos e acompanhar políticos eleitos.
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O acompanhamento de políticos é feito mais na esfera municipal devido a proximidade e efetividade da cobrança de melhorias.
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Indicações de família e amigos também é uma boa maneira de conhecer candidatos
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As pessoas se preocupam com fake news apenas em casos mais sérios, consideram algumas informações como “irrelevantes” para checar a fonte
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Normalmente acompanham apenas o candidato em quem votou, não se preocupando tanto com outros políticos eleitos
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Propostas de governo, projetos e histórico de outras eleições são fatores muito importantes para tomada de decisão
Usuários
Ao identificar que os usuários do produto são os eleitores que pesquisam os candidatos para decidir o voto e acompanhar projetos, defini uma persona para criar empatia por ela entendendo quais as dores que posso resolver. A persona foi validada através dos dados quantitativos e qualitativos coletados anteriormente.

Contexto do usuário
Com a definição e validação da persona, criei a jornada do usuário, mapeando as etapas do processo de votação, para então identificar as possÃveis oportunidades de aprimoramento da experiência.

Benchmark
Com base nas alternativas priorizadas, realizei uma pesquisa de mercado para entender quem e como são os possÃveis concorrentes. Além de entender os concorrentes, o benchmarking também ajuda a complementar a ideia de funcionalidades que serão disponibilizadas aos usuários

Abaixo temos alguns comentários positivos e negativos que chamaram atenção sobre os aplicativos:
“Péssimo aplicativo… Não atualiza dados sobre os resultados eleitorais, passa informações erradas… Não sei até quando esse nosso Brasil vai ser assim… Só sei q é ridículo”
“Usabilidade do app é péssima. Não consigo resgatar senha porque ele não reconhece meu email, não consigo fazer novo cadastro porque informa que meu telefone já está cadastrado.”
“Um bom app mas pode ser melhorado para as Eleições 2022, principalmente na questão do design de como demonstrar as informações de uma forma melhor.”
“Muito bom aplicativo, na era da modernidade quem mais se adaptar se sairá como grande diferencial. Muita transparência. Legal.”
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Alternativas de solução
Baseado no resultados da pesquisa e com o objetivo de aportar valor à jornada do eleitor, identifiquei as possíveis ideias e oportunidades para o negócio, a partir das alternativas de solução descritas no formato HMW, as inseri em matriz de Esforço x Impacto para analisar qual das soluções seria mais viável para o negócio e para o usuário, com um alto impacto e baixo esforço, decidindo assim, qual a solução deverá ser priorizada nesse primeiro momento.


Após a seleção de oportunidades e a priorização delas, concluí que a forma mais eficiente de contribuir com os eleitores seria:
Uma plataforma com formato de rede social onde os eleitores possam consultar informações sobre candidatos para auxiliar na decisão do voto e acompanhar os projetos dos políticos eleitos.
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A solução
Após a priorização das soluções, chegou o momento de criar sketches do aplicativo, e seguindo o principio pencils before pixels, utilizei a técnica crazy 8’s para desenhar as primeiras ideias no papel e explorar possibilidades, e assim surgiram os primeiros rabiscoframes, conforme imagem abaixo.

Wireframes e Fluxo do Usuário
Em seguida elaborei o wireframe como um esqueleto do aplicativo, refinando todos os pontos que foram levantados anteriormente, e melhorando a estrutura do rabiscoframe. Com isso já foi possÃvel pensar em como seria o fluxo do usuário, buscando facilitar a compreensão de toda a arquitetura do aplicativo e verificando se ele estava coeso.

Primeiro teste de usabilidade
Com o protótipo de baixa fidelidade feito a partir do wireframe, entrevistei 3 usuários para colher feedback antes do desenho final das telas. Com o teste de usabilidade, percebi várias oportunidades conforme abaixo e ainda oportunidades para novas features.
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De maneira geral, os menus e ícones ficaram claros, nenhum usuário teve dificuldade.
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A tela do perfil do candidato ficou clara e objetiva, mas precisa de um destaque na opção de “Exibir mais informações”.
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A tela de histórico ficou legal para opção de outras eleições, porém é necessário rever a hierarquia de informações. Já nas opções de “Bens” e “Gastos” os usuários tiveram dificuldade, não sabiam que eram informações disponibilizadas pelo governo e acharam que os gastos eram dados pessoais e não públicos.
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A opção de adicionar uma publicação agrega valor no sentido de postar o que precisamos de apoio do governo.
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As opções de pesquisa referente a candidatos e resultados ficaram claras, mas não entenderam a tela de resultado de pesquisa de publicação. A opção de filtro por tema foi bastante útil.
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A opção de favoritar um politico precisa de revisão.
Um comentário do teste que me marcou: “Se fosse para ter uma rede social, essa eu teria”.
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Styleguide
Antes de criar o protótipo de alta fidelidade, foi criado o guia de estilos para consolidar o visual do aplicativo.
Cores: escolha de tons de azul para transmitir confiabilidade, seriedade e responsabilidade e também do verde para trazer positividade e estabilidade, além de serem cores que estão presentes na bandeira nacional em outros tons, reforçando também a ideia de um app para os cidadãos. Tudo buscando deixar um layout mais confiável, agradável para o usuário navegar. Também foram definidas algumas escalas de cores claras e escuras para apoio e um tom de vermelho e verde para ações de sucesso e alerta.

Tipografia: a tipografia escolhida foi a Roboto como única fonte para o produto, pois se trata de uma fonte sem serifa, com facilidade de carregamento, de leitura e aspecto clean, e com boa legibilidade. Um dos motivos da escolha é porque grandes marcas de redes sociais usam essa fonte atualmente, então a ideia é manter o padrão que o usuário já está costumado. Foi usada a proporção perfect fourth para obter uma harmonia entre os tamanhos.

Botões: os botões foram pensados de acordo com as cores definidas na paleta de cores e tipografia. Escolhemos aplicar o radio nas bordas para criar uma sensação agradável e leve ao layout.

Formulários: assim como os botões, os formulários também seguiram o mesmo estilo de cores e tipográfico, aplicando também o radio nas bordas.

